Técnicas Para Melhorar a Comunicação Interna da Empresa e Diminuir os Litígios

Como operadores do direito, sabemos que um litigio geralmente resulta da falta de uma boa comunicação entre as partes e dentro das empresas isso é de extrema importância para bons resultados de trabalho, produtividade, motivação da equipe, conexão entre as pessoas e também é uma forma de evitar demandas judiciais.

Inúmeras demandas trabalhistas ou negociações coletivas de trabalhos frustradas poderiam ter sido evitadas se as partes tivessem sucesso na comunicação, e a técnica da Comunicação Não Violenta (CNV), sistematizada pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg em meados da década de 1960, pode ajudar a melhorar esses resultados.

A comunicação interna das empresas precisa conectar as pessoas para ter sucesso. Segundo a consultoria Great Place to Work, no ebook sobre “COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA – Saiba como ser assertivo e empático no feedback e outras interações profissionais”, as principais queixas de colaboradores são: ausência de reconhecimento pelo esforço empenhado em determinada função; a ausência de conversas francas por medo da exposição de sentimentos, o que acaba por engessar as relações e criar desmotivação; o medo de dizer “não” para seu gestor direto, que pode causar sobrecarga de trabalho e comprometer a eficiência de entregas; e a dificuldade em escutar um “não”.

Saber ouvir o que de fato está sendo dito pelo outro e expressar o que de fato queremos dizer, não é uma tarefa simples.

Quando refletimos sobre a História da Humanidade, percebemos que fomos capazes de avançar em todas as áreas: encontramos cura para diversas doenças, produzimos alimentos em grande escala, temos tecnologia que nos promove bem-estar e conforto, dentre outros milhares de avanços que a sociedade conquistou.

Mas não fomos educados para a paz, para ouvir , para entender os próprios sentimentos e os do outro, e essa falta de habilidade resulta em sofrimento, guerras entre pessoas , grupos e até nações.

A técnica da Comunicação Não Violenta (CNV), de forma muito resumida, pode nos ajudar a melhorar a conexão entre as pessoas, através de quatro componentes:

  1. OBSERVAÇÃO

Devemos observar o que está de fato acontecendo numa situação, sem fazer nenhum julgamento. O nosso julgamento a respeito de uma situação ou pessoa é apenas uma percepção da realidade de acordo com as nossas “lentes” .

Imagine um chefe fazer a seguinte analise de um subordinado:

Fulano é muito incompetente, não aguento mais falar a mesma coisa! Estou pensando em demiti-lo.”

Veja que ele fez um julgamento, mas não descreveu qual ação ou omissão que ocorreu, para que ele tirasse essa conclusão.

O ideal seria: Fulano não entregou o relatório no prazo combinado pela terceira vez e essa semana chegou 2 vezes atrasado.

Ao fazermos esse exercício, queremos diferenciar o que é opinião (fulano é incompetente) do que o que é fato (fulano não respeitou o prazo) para identificarmos as questões a serem trabalhadas e, mais do que isso, sabermos o que queremos comunicar para o outro.

Devemos evitar as palavras de julgamento, pois ela fecha caminho para um bom diálogo, pois diante de uma crítica o outro já reage. Por outro lado, quando falamos de um fato, diminuímos a possibilidade de resistência e conectamos melhor com o interlocutor.

  1. SENTIMENTO

Expressar sentimentos no meio profissional costuma ser algo desafiador e, até mesmo, um tabu. Poucos ousam se mostrar vulneráveis e falar em como se sentem tristes, frustrados, magoados, chateados ou com raiva. Acontece que é justamente quando nos colocamos nessa posição que a possibilidade de nos conectarmos com o outro aumenta,

e, por meio dessa conexão, surgem as oportunidades de transformar conflitos e de gerir crises.

Dando continuidade ao exemplo acima, vamos incluir o sentimento:

Fulano, pela terceira vez não entregou o relatório no prazo combinado e essa semana chegou 2 vezes atrasado. Isso me deixa frustrado/cansado.

 

Veja que foi exposto o sentimento, e isso fica claro para a parte contraria como também para a própria pessoa, o que facilita a empatia.

  1. NECESSIDADES

Nas relações interpessoais, não estamos habituados a expressar sobre nossa necessidade, mas a apontar no que há de errado com as outras pessoas sempre que nossas necessidades não são satisfeitas.

Mas julgamentos dos outros são expressões alienadas de nossas próprias necessidades insatisfeitas, por outro lado, quando expressamos nossas necessidades, temos mais chance de vê-las satisfeitas.

Colocando como exemplo prático na situação acima, expressaríamos a necessidade da seguinte forma:

Fulano, pela terceira vez não entregou o relatório no prazo combinado e essa semana chegou 2 vezes atrasado. Isso me deixa frustrado/cansado. Para mim, atenção, eficiência, compromisso e comunicação são importantes em uma relação de trabalho.

Veja como as necessidades estão claras e o outro terá mais chance de compreender o comportamento esperado e ter empatia.

  1. PEDIDO

Após seguir a ordem de apresentar o fato (sem julgamento), expor o sentimento aceitando a própria vulnerabilidade e ser assertivo na sua necessidade, conseguiremos ter nosso pedido ouvido e compreendido.

É importante que o pedido seja específico e bem claro; positivo, ou seja, prefira dizer o que você quer ao invés do que você NÃO quer que seja feito; realizável, ou seja, um pedido que a pessoa é capaz de entregar. Para isso, vale checar a possibilidade da entrega com a pessoa.

Segundo Marshal Rosenberg, “pedidos são recebidos como exigências quando os outros acreditam que serão culpados ou punidos se não os atenderem. Quando as pessoas nos ouvem fazer uma exigência, elas enxergam apenas duas opções: submissão ou rebelião. Em ambos os casos, a pessoa que faz pedido é percebida como coercitiva, e a capacidade do ouvinte de responder compassivamente ao pedido é diminuída.”[1]

No exemplo da situação acima, o pedido fecharia da seguinte forma:

Fulano,  pela terceira vez não entregou o relatório no prazo combinado e essa semana chegou 2 vezes atrasado. Isso me deixa frustrado/cansado. Para mim, atenção, eficiência, compromisso e comunicação são importantes em uma relação de trabalho. Eu gostaria de saber o que está acontecendo, como podemos mudar esta situação? É importante que você cumpra os prazos da entrega do relatório e chegue no horário combinado para os compromissos profissionais.

A comunicação não violenta é uma das técnicas que melhoram a conexão da equipe e os processos organizacionais, mas existem diversas técnicas que utilizamos em negociações que podemos tratar nos próximos artigos.

O importante é a atenção que as empresas devem ter na comunicação pacifica e eficiente no ambiente do trabalho, pois isso previne conflitos , evita problemas de assédio moral, melhora a saúde mental dos trabalhadores e colabora para produtividade e qualidade dos resultados.

Compartilhe agora

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp